Armadilhas luminosas em fábricas: conheça boas práticas
Elas são temidas nas indústrias de alimentos, por pousarem e se alimentarem em diferentes substratos, desde fezes e matéria orgânica em decomposição, até alimentos frescos. Sabem de quem estamos falando? As MOSCAS!
INFORMATIVO TÉCNICO: 037/23 CMCONSULAB – DALPER Responsavel Técnica: Dra. CRISTIANE MATAVELLI
O problema das moscas no processo de fabricação
A presença destes insetos alados nas instalações com manipulação de alimentos é um risco sanitário, já que elas podem transmitir centenas de patógenos. E, exatamente por haver este risco, rígidas normas devem ser seguidas, como o Programa de Autocontrole (PAC) e as Boas Práticas de Fabricação (BPF), com enfoque no Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Além de problemas de saúde, as infestações por moscas causam outros prejuízos, como os financeiros, já que os alimentos contaminados devem ser descartados na íntegra, além de multas da Vigilância Sanitária e risco de interdição das operações.
Como evitar moscas na indústria de alimentos?
Para evitar a presença de moscas na indústria de alimentos alguns pontos de atenção devem ser observados e obstruídos: por onde elas estão acessando o local, onde tem sido seu abrigo e como elas têm conseguido água e alimentos. Isso porque, quando as moscas não têm contato com estes pontos, dificilmente elas permanecem naquele ambiente. Outras medidas também são indispensáveis para evitar a presença destes insetos no interior das fábricas. Dentre elas estão as instalações de barreiras físicas tais como: portas vedadas, janelas teladas, cortinas de ar com fluxo adequado, cortinas plásticas, entre outros.
Os Manuais das BPF, documento que descreve as recomendações das Boas Práticas de Fabricação na indústria de alimentos, permitem agregar qualidade aos alimentos processados e garantir aos consumidores alimentos seguros. Pensando especificamente no controle de Vetores e Pragas Urbanas, os Manuais das BPF geralmente apresentam um procedimento exclusivo para esta finalidade, onde descrevem as operações que o estabelecimento deve realizar e os requisitos exigidos pela legislação sanitária, não só para evitar a presença de insetos, mas também de outros animais indesejáveis. O controle deve ser realizado tanto nas áreas internas quanto nas externas, com orientações curativas e preventivas em relação à presença de pragas.
Armadilhas luminosas em fábricas: entenda seu papel
Parte integrante dos planos de manejo de pragas no setor de segurança de alimentos, as armadilhas luminosas são muito utilizadas para o controle de insetos voadores, principalmente nos locais onde os inseticidas não são recomendados pelo risco de contaminação. Isso porque, de uma forma simplista, as luzes utilizadas nas armadilhas são capazes de atrair alguns insetos, como as moscas e, com o auxílio de placas adesivas posicionadas próximas a elas, capturá-las.
As primeiras armadilhas luminosas desenvolvidas tinham como princípio atrair os insetos alados e fazer a sua eliminação do ambiente através de eletrocussão (hoje proibidas em ambientes alimentícios pela Vigilância Sanitária). Contudo, com o avançar das exigências de fabricação, bem como as avaliações dos resultados deste método observou-se que, com o choque, os insetos eram despedaçados e seus fragmentos distribuídos no ambiente, o que contaminava a produção de alimentos.
A partir deste modelo, novas armadilhas foram desenvolvidas, focadas em atração por lâmpadas UV e substituídos os choques por placas adesivas. Assim, os insetos ficam presos à cola após serem atraídos pela luz emitida pela lâmpada. Este modelo evita a possível contaminação dos alimentos por fragmentos, o que assegura sua utilização em ambientes de produção. Hoje, diversos modelos de armadilhas luminosas com placas adesivas estão disponíveis no mercado, tendo como principais variáveis o seu tamanho, o tipo e a potência da lâmpada e a área de alcance.
Boas práticas para o uso de armadilhas luminosas em fábricas
Contudo, para o bom funcionamento, alguns cuidados são essenciais para que as armadilhas luminosas tenham maior eficiência: elas jamais devem ser instaladas em frente a portas e janelas, já que a luz poderá atrair insetos voadores para o interior do estabelecimento; não devem ser colocadas próximas de áreas críticas (como em cima de alimentos), uma vez que a atração dos insetos aumentará os riscos de contaminação; evitar a concorrência com outras luzes, o que pode atrapalhar o desempenho das armadilhas; respeitar o comportamento dos insetos, colocando as armadilhas próximas a altura de voo; observar o tempo de troca dos componentes das armadilhas para que elas não tenham um déficit na sua eficiência; substituir as placas adesivas quando a sua superfície estiver 70% coberta por insetos ou quando perceber a presença de poeira, o que compromete a aderência e limpar periodicamente ou quando houver necessidade.
Quando pensamos nas BPF, as armadilhas exercem um segundo papel tão importante quanto o de controle destes insetos: o de monitoramento. Isso porque, as placas adesivas fornecem informações importantes sobre a característica da infestação, como por exemplo, quais as espécies envolvidas, se são espécies de maior prevalência em áreas externas ou internas, (podendo indicar falhas), além da evolução do tratamento.
Além do envolvimento de toda a operação na aplicação das BPF, paralelamente, o controle de pragas deve ser realizado por uma empresa especializada devidamente habilitada e registrada nos órgãos competentes. A controladora de pragas irá avaliar, juntamente com o Responsável Técnico do estabelecimento, corresponsável por um manejo de sucesso, quais as formas de tratamento ideais e permitidas para a situação.
Referências
CERTIFEE NEWS. A utilização correta de armadilhas luminosas na indústria de alimentos. Acesso em 05/11/2023.
FOOD SAFETY BRAZIL. Armadilhas luminosas: controle ou monitoramento de insetos voadores? Acesso em 01/11/2023.
FOOD SAFETY BRAZIL. Os dez mandamentos para utilização de armadilhas luminosas. Acesso em 05/11/2023.
RAFAEL, J.A.; MELO, G.A.R.; CARVALHO, C.J.B.; CASARI, S.A.; CONSTANTINO, R. (2012). Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto: Holos Editora.
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