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27/01/2023

Moscas e Mosquitos: Fototaxia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Muitos insetos, especialmente os de hábito noturno, são atraídos por luzes artificiais e podem ser vistos em abundância ao redor do brilho de uma lâmpada. Este comportamento, que gera incômodo pela quantidade e desorientação de voo, também pode ter consequências a saúde humana quando insetos vetores de doenças estão presentes. E por que isto acontece?

 

De uma forma geral, para se orientarem, comunicarem e perceberem o ambiente onde estão inseridos, os insetos utilizam-se de mecanismos sensoriais que permitem perceber a ocorrência de vibração, de som, alterações na temperatura, na umidade, na pressão, além da presença ou ausência de substâncias químicas.

 

A orientação de um inseto a determinado estímulo do ambiente é caracterizada por sua natureza, pelo seu movimento, sua direção e sentido. Contudo, dá-se o nome de taxia a resposta direcionada de um inseto a um estímulo e de quinese quando não direcionada. Quando em taxia, diz ter-se uma resposta positiva nas situações em que há deslocamento em direção à fonte do estímulo, caracterizando uma atração e, uma resposta negativa, quando o deslocamento ocorre em direção contrária à fonte de estímulo, demonstrando certo potencial de repelência. Dependendo do estímulo, pode-se ter: quimiotaxia, orientação frente a um agente químico; anemotaxia, orientação em resposta ao vento e fototaxia, resposta aos estímulos a luz.

 

As respostas fototáticas variam entre as espécies e são influenciadas pelas características da luz e pelas estruturas existentes nos olhos de cada inseto. A fototaxia positiva depende, dentre outros fatores, do comprimento de onda emitida pelo ponto luminoso e da visão espectral (ou seja, visão das cores) ditada pela presença de certos pigmentos nas estruturas celulares dos olhos de um determinado inseto, uma vez que estes pigmentos que variam de espécie para espécie. Muitas têm sensibilidade visual nos espectros azul e ultravioleta (UV) e comprimentos de onda vermelhos e infravermelhos (IR, ou calor) emitidos por animais de sangue quente.

 

Pesquisas sugerem que insetos voadores têm uma forte resposta fototática aos comprimentos de onda UV, o que levou ao desenvolvimento de armadilhas físicas. As faixas de radiação não são exatas, mas os comprimentos de onda variam aproximadamente entre 100 e 400 nanômetros, sendo dividida em três espectros: UV-C (100 a 280 nm) conhecida como irradiação germicida e usada para purificação de ar, água e superfícies; UV-B (280 a 320 nm) emitido pelo Sol e usada para fins de bronzeamento e; UV-A (320 a 400 nm) referida como luz azul, negra ou ultravioleta e usada em equipamentos de controle de insetos.

 

Dípteros, como moscas e mosquitos, podem ver a luz ultravioleta, devido à complexa composição de seus olhos. Insetos como a mosca doméstica são atraídos pela luz, ou seja, elas são fototáticas positiva. Já os mosquitos não apresentam a mesma atratividade, sendo esta influenciada por diversas situações que alteram seu comportamento momentaneamente: tempo decorrido após emergência do adulto, intensidade da luz exposta e distância do ponto de luz, ambientes com ausência e presença de luz por períodos prolongados, presença de pontos de luz específicos em determinados horários (como luz de janelas ao amanhecer ou entardecer), voo em busca de refúgio ou repouso. Além disso, é importante ressaltar que nem todas as espécies de mosquitos de importância médica no Brasil respondem igualmente as diferenças nos comprimentos de onda. Contudo, de uma forma geral, os mosquitos têm uma preferência acentuada por sombras e locais escuros e, em geral, evitam luz intensa e espaços abertos, com exceção das oportunidades de alimentação, quando se expõe facilmente.

 

Atualmente, a interação entre insetos alados e comprimentos de ondas vem sendo estudada e permitiu o desenvolvimento tanto de armadilhas físicas a base de luz UV como o uso de luzes amarelas, as quais possuem menor atração devido à falta de emissão da luz azul. Estas armadilhas luminosas estão sendo usadas para monitorar e gerenciar populações de insetos-pragas alados, com destaque para moscas, desempenhando um papel crucial no controle físico e na aplicação do manejo integrado de pragas (MIP), tornando-o mais eficiente.FONTE: INFORMATIVO TÉCNICO: IT.016/22 Empresa CMCONSULAB - Responsavel Técnica: Dra. CRISTIANE MATAVELLIReferência bibliográfica:BENTLEY, M.T. (2008). Behavioral Phototaxis Of Previtellogenic And Vitellogenic Mosquitoes (Diptera: Culicidae) To Light Emitting Diodes. Thesis presented to the graduate school of the University of Florida.CHRISTOPHERS, S. (1960). Aedes aegypti (L.). The yellow fever mosquito: its life history, bionomics, and structure. CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS.COETZEE, B.W.T.; GASTON, K.J.; KOEKEMOER, L.L.; KRUGER, T.; RIDDIN, M.A. & SMIT, I.P.J. (2022). Artificial Light as a Modulator of Mosquito-Borne Disease Risk. Frontiers in Ecology and Evolution. 9:1-7.EMBRAPA (2014). Recursos Genéticos e Biotecnologia: Curso de Ecologia Quimica. https://www.embrapa.br/documents/1355163/2048363/Ecologia+sensorial/ff86dc58-f01a48ea-a763-ae07ce349ca2. Acesso em 16.05.2022RAFAEL, J.A.; MELO, G.A.R.; CARVALHO, C.J.B.; CASARI, S.A.; CONSTANTINO, R. (2012). Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto: Holos Editora.SPITZEN, J. & TAKKEN, W. (2018). Keeping track of mosquitoes: a review of tools to track, record and analyse mosquito flight. Parasites & Vectors. 1-11.

 

FONTE: INFORMATIVO TÉCNICO: IT.023/22 Empresa CMCONSULAB – Responsavel Técnica: Dra. CRISTIANE MATAVELLI