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08/03/2024

Por que os insetos são atraídos pela luz?

Você já reparou que, em épocas mais quentes do ano, ao acender uma luz durante a noite e em áreas externas, muitos insetos são atraídos até ela?

INFORMATIVO TÉCNICO: 012/24 CMCONSULAB – DALPER Responsável Técnica: Dra. CRISTIANE MATAVELL

Algumas teorias e hipóteses propõem que os insetos são atraídos pelo calor da luz, perdem a visão ao se aproximar dela e isso causaria movimentos de voo desorientados e colisões. Outras, propõem que a luz da Lua é usada como ferramenta de navegação para o voo dos insetos noturnos, por ser uma fonte fixa de luminosidade no céu, ajudando os alados (e outros animais) a  se localizar e encontrar seu habitat, auxiliando nos deslocamentos de voo. Quando surge uma luz artificial, como uma lâmpada, eles a confundem com o satélite natural e são atraídos em direção a ela. Essa é a explicação clássica e mais disseminada sobre o porquê de os insetos voadores orbitarem as lâmpadas acesas.

O movimento dos insetos em resposta à luz, chamado de fototaxia, é um comportamento que desperta o interesse de pesquisadores há anos e tem gerado diversas discussões sobre suas razões.

Visando esclarecer alguns pontos sobre o assunto, uma nova hipótese está em estudo e foi divulgada em 2023. Pesquisadores da Universidade pública britânica "Imperial College London", vinculados ao Departamento de Bioengenharia, investigam a possibilidade de os insetos voadores não sejam atraídos pela luz, mas sim, desorientados em função da presença dela, ficando "presos"  as suas proximidades. Para compreender este fenomeno, os pesquisadores filmaram alguns insetos durante a noite, utilizando uma câmara de alta velocidade para acompanhar seus movimentos ao redor das luzes.

Segundo Dr. Samuel Fabian, o principal autor do estudo, "queríamos entender por que os insetos parecem incapazes de resistir a voar em direção as fontes de luz potencialmente fatais. E. responder a esta pergunta, poderia nos ajudar a compreender melhor o mundo natural em geral e o impacto dos humanos sobre os insetos". Além disso, se for possível compreender como as fontes luminosas agem sobre alguns insetos voadores, torna-se possível propor soluções cada vez mais eficientes quando necessita-se controlar estes seres em áreas indesejáveis.

Com imagens de movimento de alta resolução e análises de computador, os pesquisadores conseguiram reconstruir os movimentos 3D dos voos dos insetos em torno da luz artificial. Como resultados, observaram que: (1) quando os insetos sobrevoam por cima das luzes, muitas vezes eles viram de "cabeça para baixo", o que os faz cair no ar; (2) quando voam por baixo das luzes,  começam a voar em "espiral"; (3) quando voam ao lado das luzes, começam a fazer círculos em volta delas.

Nos três comportamentos de voo os pesquisadores observaram algo em comum: os insetos estavam sempre de "costas" para as luzes. Diante disso, testes de laboratório foram desenvolvidos com algumas espécies de libélulas e de mariposas, onde câmeras de captura de movimento rastrearam seus voos em torno de diferentes lâmpadas, como a LED UV e a LED branca fria. Eles descobriram que as fontes de luz alteravam significativamente a capacidade dos insetos de controlar seu rumo, enquanto tentavam inclinar as costas em direção às luzes, criando trajetórias de voo aparentemente erradas para perto delas. Este fenômeno tem sido chamado de "dorsal light response" ou "resposta dorsal à luz" e é baseado no reflexo que alguns insetos têm em deixar sempre o dorso (ou seja, as "costas") voltado para a fonte fixa de luminosidade do céu, seja ela o sol (para insetos de hábito diurno) ou a lua noturno (para insetos de hábito noturnos), permanecendo assim em uma posição ideal para o voo.

Este fenômeno, segundo os pesquisadores, é o modelo mais plausível para explicar por que os insetos voadores se agrupam sob luzes artificiais. Os próximos passos agora envolvem buscar tecnologias que permitam rastrear os movimentos dos insetos em torno de diferentes fontes de luz, bem como descobrir como a distância altera o efeito das luzes sobre eles. Os pesquisadores esperam que o estudo ajude a entender e minimizar o impacto das luzes artificiais no ecossistema dos insetos.

O uso da luz no controle de pragas urbanas: No mercado de controle de pragas urbanas, o uso de luzes específicas que atraem insetos alados vem se consolidando cada vez mais. Evitar, ou mesmo eliminar a presença de alguns, principalmente em áreas sensíveis, como a cadeia alimentícia por exemplo, é fundamental para garantir a higiene e a segurança dos alimentos, já que vários deles são vetores mecânicos de microrganismos patogênicos.

Intensificar as pesquisas sobre os fatores que influenciam esta atratividade é essencial para se ter inovação e avanços na eficiência desse serviço. E converter os resultados encontrados em ações práticas contribui, de forma significativa, com a garantia de qualidade e a preservação da Saúde Pública.

Referência bibliográfica:
FABIAN, S.T.; SONDHI, Y.; ALLEN, P.; THEOBALD, J.; LIN, H.T. 2023. Why flying insects gather at artificial light. BioRxiv; doi: 
https://doi.org/10.1101/2023.04.11.536486. Acesso em 10/02/24.
INDEPENDENT. https://www.independent.co.uk/news/science/insects-roman-ernpire-sun-rnoon-imperial-college-london- 
b2487429.html. Acesso em 05/02/24.
IMPERIAL COLLEGE LONDON. https://www.imperial.ac.uk/news/251217/flying-insects-becorne-disorientated-trapped- 
artificial/. Acesso em 09/02/24.
RAFAEL, J.A.; MELO, G.A.R.; CARVALHO, C.J.B.; CASARI, S.A.; CONSTANTINO, R. (2012). Insetos do Brasil: Diversidade e 
Taxonomia. Ribeirão Preto: Holos Editora.

Nota:
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